EXERCÍCIOS DE IMPROVISAÇÃO (Humor)
- Retirado do site: http://www.teatrocristao.net/texto/exerc_cios_de_improvisa_o_humor
POETA/TRADUTOR
(2 ATORES)
Esta peça é interpretada diretamente para o público. Um dos
atores recita um poema original, uma fala de cada vez, em "gromelot",
mas como se estivesse falando a língua de um país estrangeiro
específico. O outro ator, dividindo o palco com o poeta, traduz
cada fala para o público. O tradutor deve também falar com
o sotaque, adequado do país se assim desejar. Enquanto alternam
a fala, a tradução deve refletir a interpretação dramática
do poeta, o qual, por sua vez, deve recomeçar a história do
ponto onde o tradutor para. Este exercício traz para os
participantes o benefício de audição e do trabalho para
construir o poema.Antes de começar, pegue uma sugestão de uma Primeira fala para um poema original. Se você tem habilidade em sotaques, pode também pedir uma sugestão de um país estrangeiro. Se não, escolha um sotaque com o qual esteja familiarizado. O tradutor pode escolher um local para recitação do poema e começar a apresentação apresentando-se a si mesmo e ao poeta.
LEGENDAS
(4 ATORES)
Este é similar ao do Poeta/Tradutor mas envolve 4 atores. Dois
deles interpretam personagens de um filme em língua estrangeira
(falando em gíria). Os outros dois, mantendo-se à distancia
do palco, fornecem legendas verbais que traduzem o filme para o
português diante do público. Aqui, ouvir é de suma importância,
já que ajuda a criar uma história impedir que as pessoas
falem uma da outra. Tenha em mente que cada fala em gíria deve
ser traduzida 'antes dor fala seguinte ser interpretada.
DUBLAGEM
(4 ATORES)
Este exercício tem a mesma organização das Legendas, só que
desta vez os personagens no palco simplesmente movem os lábios
para simular que estão falando. Os atores que estão fora do
palco fornecem as vozes, atuando para sincronizar o diálogo com
o movimento das bocas dos colegas. Os atores que atuam no palco podem
orientar os dubladores colaborando com atividades físicas o
expressões faciais apontando diálogos adequados ou
"apropriadamente" inadequados.
RESTAURANTE ESTRANGEIRO
(3 OU 4 ATORES)
Esta cena é designada para permitir que os atores exercitem seus
sotaques e utilizem palavras e diálogos próprios daquele
sotaque. O cenário é um restaurante no qual é servido algum
tipo de comida típica. Os fregueses podem ser brasileiros, mas a
equipe do restaurante é composta de pessoas de origem étnica
selecionada. Os membros da equipe podem ser garçons, cozinheiros
ou mártires. Se os atores forem hábeis em falar dialetos,
deixe que o público escolha o tipo de restaurante. Esta cena leva
em conta a prática em interpretar personagens, a utilização
de entradas e saídas e o uso de dialetos.
CENA DUPLA
(4 ATORES)
O palco é dividido em 2 áreas de modo que 2 cenas possam
acontecer ao mesmo tempo. As 2 cenas devem estar relacionadas uma à
outra e devem alternar-se na tomada de foco. Um exemplo deste
arranjo é um baile de estudantes de ginásio. A área do palco
é dividida em um banheiro masculino de um lado e um banheiro
feminino do outro. No dos homens, dois rapazes conversam sobre
seus encontros enquanto no outro banheiro, as garotas falam
sobre os rapazes. Embora os atores e o público ouçam realmente o
que está sendo dito em ambos os banheiros, os personagens não
ouvem. O humor vem do uso da informação que, supostamente, você
não ouve para influenciar o que você diz. Pode-se comentar o
que está sendo dito na outra cena sem realmente admitir que
ouviu.
MARCA DE ESTILO
(2 A 5 ATORES E APONTADOR)
Neste exercício, é seguramente útil estar familiarizado com o
teatro propriamente dito, com os dramaturgos e suas obras e com
os estilos teatrais. O líder do grupo experimental ou um membro
da platéia sugere um problema familiar pequeno e rotineiro tal
como decidir de quem é a vez de levar o lixo para fora. Comece
a representar a cena até que o apontador congele a ação a
fim de anunciar um estilo teatral ou o nome de um dramaturgo, tais como
melodramas, Kabuki, Commedia dell'arte, Arthur Miller, Ionesco
ou Shakespeare. Continue a representar a cena nesse estilo ou
do modo como um determinado dramaturgo a teria escrito (Nelson
Rodrigues, por exemplo. N.E.). Ao prosseguir com a ação no
estilo desse dramaturgo, procure evitar o uso de diálogos reais
contidos em uma de suas peças ou mesmo a incorporação de um
dos seus enredos. Ao invés, tente captar o sabor e o estilo de
sua escrita e adaptá-lo ao enredo que está sendo desenvolvido
em sua cena. Você pode compilar uma lista de estilos teatrais e
dramaturgos antes da cena ou virar-se para as pessoas da
platéia cada vez que disser "congele!", pedindo a elas que dêem
uma sugestão. Todo o exercício deve ser feito pelo mesmo grupo
de atores, sendo que alguns deles podem fazer entradas e
saídas quando forem adequadas ao enredo.
QUEM SOU EU?
(EXERCÍCIO DE GRUPO)
Um dos participantes deixa o ambiente e, ao voltar, deve adivinhar
que pessoa famosa os outros decidiram que ele é. O exercício
é feito em forma de cena, mas o improvisador que deixou a sala
não sabe que personagem está interpretando. Nessa hora,
aparecem as dicas sobre como os outros se referem a ele na cena.
Evidentemente, eles não podem dizer o nome dele ou fazer
qualquer referência direta sobre quem ele é. Se aquele que
tenta adivinhar, tiver idéia sobre que pessoa ele é, começar a
adotar o modo de agir característico daquela pessoa e dizer as
mesmas coisas que ela diria. Se ficar evidente que está
enganado, ele deve atuar como espectador e ouvir um, pouco mais
até ter outra idéia sobre quem pode ser. Continue sempre em
forma de uma cena. Evite fazer perguntas como "Eu derrubei uma
cerejeira?" ou "Sou eu George Washington?" (ou similares
racionais). Comece com ou um ou dois atores e com aquele que
tenta adivinhar. Outros podem entrar em cena se tiverem idéias
para pistas, mas devem sair logo que tiverem cumprido seu propósito,
de modo a não haver muitas pessoas no palco. Ao mesmo tempo, este
exercício é bom para desenvolver a representação de um
personagem.
O PROVÉRBIO SOU EU
(EXERCÍCIO EM GRUPO)
Eu sei que o nome não faz sentido, mas é isso o que eu tenho
ouvido durante anos. Sendo uma variação do exercício Quem Sou
Eu? O Provérbio Sou Eu desafia o ator a adivinhar e usar uma
expressão comum ou aforismo, como "A grama do vizinho é sempre
mais verde", que os outros escolheram enquanto ele saiu do
ambiente. Interpretado em forma de cena, o local deve refletir o
significado da expressão. Por exemplo, se a expressão for "A
grama do vizinho...", a cena deve ser sobre inveja (ou ciúme).
As pistas devem vir através do tema clã cena de modo a levar o
ator que adivinha a dizer a expressão naturalmente no contexto
do que está acontecendo à sua volta. Inicie a cena com outro
ator além daquele que está adivinhando, para que depois outros
possam entrar e sair e dar pistas subseqüentes. A cena termina
quando o ator que está adivinhando utiliza a expressão como
parte de seu diálogo.
FALA OCULTA
(2 ATORES)
Cada ator do grupo pega um pedaço de papel no qual escreve uma
fala simples do diálogo, jogando-a depois dentro de um chapéu.
Antes de iniciar a cena, um dos atores pega uma das falas que está
no chapéu, devendo incorporá-la à mesma. Ele deve
construir o enredo da cena de modo que a fala do diálogo se encaixe
na história sem emendas. De fato, deve ser difícil para o
público adivinhar qual era a fala oculta de diálogo. O outro
ator, mesmo não sabendo o conteúdo da fala oculta, deve atuar
em conjunto com o colega a fim de criar a história na direção
para a qual ele a estiver conduzindo. Para tomar este exercício
mais desafiador, mande ambos os atores pegarem um pedaço de
papel e atuarem juntos no sentido de ajudar um ao outro a
emitir discretamente suas falas.
CENA PARA TITULO DE CANÇÃO
(2 A 4 ATORES)
Dividam-se em grupos de 2 a 4 atores. Cada grupo escolhe uma canção
bem conhecida e cria uma cena que reflita o significado de seu
título. Evite usar o título ao pé da letra. Use-o como um tema
para a cena. Por exemplo, se o título for "I left My Heart in
San Francisco", a cena deve ser sobre alguém que esteja vivendo
uma relação a longa distância ao invés de ser sobre
um doador de órgãos.(*) Os demais membros dos grupos pode
adivinhar cada título quando a cena estiver concluída.(*)Optamos por manter o exemplo em inglês "Deixei meu Coração em São Francisco" - apenas por uma questão de fidelidade ao texto.
ALTER EGO
(4 ATORES)
Neste exercício, que tem estrutura semelhante ao das Legendas,
2 atores estão no palco enquanto 2 outros permanecem fora dele.
Os primeiros criam uma cena juntos, mas após cada fala do diálogo,
a voz de um dos atores que está fora do palco diz
simultaneamente o que o personagem está realmente pensando.
Aqui, dar e receber é um elemento integral, como o é a
capacidade de ouvir. A mesma técnica utilizada no exercício da
Cena Dupla se faz neste. Os atores no palco, sabedores do que
seus alter egos estão dizendo, podem utilizar a informação para
influenciar o modo como seus personagens comportam-se e reagem
um ao outro.
UMA PALAVRA DE CADA VEZ
(2 ATORES)
Este exercício mostra a quantidade de informações que uma só
palavra pode conter. Uma vez que um personagem proferiu uma
determinada palavra, não poderá fazê-lo de novo até que o outro
personagem tenha falado. A cena prossegue com l palavra de
cada vez. É um exercício de economia de diálogos. Um erro comum
dos improvisadores é a tendência que eles têm de falar demais
em uma cena, dizendo mais coisas do que é necessário. É também
uma lição para que se utilizem ações em uma cena ao invés de
confiar que o diálogo a conduza. A cena pode basear-se em uma
premissa simples dada pelo diretor do grupo ou pelo público.
UMA FRASE DE CADA VEZ
(2 ATORES)
Esta cena tem as mesmas regras e arranjo do exercício anterior,
só que os atores podem usar apenas 1 frase de cada vez. Para não
frustrar o propósito deste exercício, alterne as falas de
modo que os atores não possam proferir duas frases ao mesmo tempo.
SEM PERGUNTAS
(2 ATORES)
Esta é uma cena na qual tomam parte 2 pessoas, tendo como única
restrição a não formulação de perguntas. O propósito é
fazer com que os atores se acostumem a acrescentar informações,
a expandir a cena e a fazer suposições, ao invés de lançar
sobre os ombros do outro ator o fardo de expandir a cena
fazendo-lhe perguntas. A cena pode basear-se numa premissa
simples dada pelo diretor do grupo ou pelo público.
TRANSFORMAÇÃO
(2 ATORES)
Este exercício é de difícil realização e difícil explicação.
É mais ou menos como realizar seis deixas consecutivas com os
mesmos 2 atores sem congelar a ação. Escolha ocupações de
abertura e de conclusão para ambos os atores. Eles começam a
cena, cada um desempenhando sua ocupação inicial. Então, é
a medida que a cena prossegue, eles se transformarão através
de uma série de papéis ou ocupações diferentes até a
conclusão da cena, quando os atores chegarem às suas ocupações
de conclusão. As transições podem ser indicadas através de
mudanças corporais ou vocais. Por exemplo, um dos atores pode
ser um entregador de pizzas segurando com as duas mãos uma
pizza de tamanho grande. Ele pode então transformar aquela
posição corporal tomando-se um médico e estendendo as mãos como
se elas tivessem sido escovadas. Nesse caso, o outro ator
pode, de imediato, tornar-se um enfermeiro e começar a ajustar
luvas de borracha nas mãos.Este é um exercício feito para um ator seguir o outro. Quando um deles faz uma transição para um novo personagem ou ocupação, o outro vem depois e se torna um personagem semelhante. Não existe um enredo contínuo. Qualquer um dos atores pode mudar de personagem ou ocupação em qualquer tempo combinado. Portanto, ambos devem estar flexíveis e prontos para mudanças bruscas. Faça um total de cinco ou seis mudanças.
CENA DE COMEÇO TARDIO
(2 ATORES)
2 atores sobem ao palco sem idéias preconcebidas - sem locais
nem personagem e com as mentes em branco. Então, sem pressa, deixam
que a cena se desenvolva. Se os minutos passaram sem nenhum
diálogo, tudo bem. Por fim, um dos atores se sentirá como que
estando em algum lugar por alguma razão e começa a relatar esta
informação ao outro ator. Esse outro ator deve então se
adaptar de acordo, e juntos criam a cena. Este exercício
encoraja os atores a sentirem-se à vontade para participar da
cena de maneira totalmente aberta, a fim de ver o que pode vir a
acontecer. Isso também os ajuda a serem capazes de se ajustar a
qualquer informação que se desenvolva.
RASHOMON
(3 ATORES)
Neste exercício, a mesma cena básica é repetida 3 vezes
consecutivas, uma vez a partir do ponto de vista de cada personagem.
Em cada variação, um dos personagens é a figura dominante
enquanto os outros interpretam papéis secundários na cena.
Baseado no filme Rashomon, de Akira Kurosawa, aborda como diferentes
personagens vêem o mesmo acontecimento.
PEÇA OPCIONAL (VOCÊ DECIDE)
(2 ATORES E UM APONTADOR)
Uma sugestão de um relacionamento entre 2 atores é aproveitada.
Uma vez que esse relacionamento e uma locação tenham sido
estabelecidos, o apontador "congela" a ação periodicamente a
fim de fazer perguntas específicas aos espectadores sobre o que
eles gostariam que acontecesse depois. Os atores então integram
cada idéia nova no sentido de expandir a ação da cena. Por
exemplo, se o relacionamento é entre professor e aluno e a cena
se desenvolve na sala de aula após as horas regulares na
escola, o apontador poderá perguntar, "Por que o professor
manteve o aluno na escola depois da hora?" ou "Este aluno tem
um segredo; qual é?" Continue até que a cena se esgote.
LANÇANDO UMA IDÉIA
(3 OU 4 ATORES)
Este exercício é para criar uma idéia em conjunto. O elenco
da cena é algum tipo de equipe criativa, como um grupo de
executivos de vendas, desenhistas de automóveis ou produtores
de filmes. Eles têm que criar um tipo de produto e construir uma
campanha de publicidade em torno dele. Não deve haver negação,
já que cada ator acrescenta coisas novas às idéias dos
outros.
COMPOR UMA CANÇÃO
(1 OU MAIS ATORES E 1 MÚSICO)
Improvise uma canção, baseada num estilo musical e num
título original ou numa primeira fala dada pelo público ou pelo
diretor do grupo. O cantor e o músico devem trabalhar em
conjunto, acompanhando um ao outro a fim de criar uma melodia e uma
estrutura para a canção. Para se adquirir habilidade neste
exercício, é necessário muita prática.
AUDIÇÃO
(4 OU 5 ATORES, INCLUINDO UM DIRETOR)
Escolha uma situação teatral que requeira uma audição. Pode
ser para um musical ou uma peça. Pode ser também por uma
companhia teatral local, para uma produção na Broadway, ou
mesmo para escolha do elenco de uma novela. Um dos atores é
designado como diretor e fica responsável pela preparação do
ambiente para o público. Cada um que faz a audição se
apresenta, fornece suas credenciais e apresenta algum tipo de audição
para o papel ao qual ele se adéqua. Os que fazem a audição
podem executar um monólogo, cantar uma canção, dançar ou
bancar o bobo - qualquer coisa que demonstre seu talento. Quer o
personagem seja realmente talentoso ou não, ele sempre deve dar
a máximo de si ao fazer a audição.
LIVRO DE RITMOS
(3 OU 4 ATORES E 1 MAESTRO)
Neste exercício cada ator escolhe um escritor bem conhecido e,
quando apontado pelo maestro, conta uma história no estilo daquele
escritor. Lembre-se de não repetir nem sobrepor-se ao diálogo
do ator que falou antes. A platéia ou diretor do grupo pode
sugerir uma primeira fala original para começar. Para tornar o
exercício mais desafiador, deixe que a platéia sugira quais os
escritores a serem utilizados.
(Extraído de Improv Comedy, Samuel Freneh ed., CA. 1991. Traduzido
por Jorge Mauricio de Abreu. Colaboração do Curso de Tradução
do Departamento de Letras da PUC-Rio). In Cadernos de Teatro nº
135 (out. nov. dez. de 1993) p. 07 a 12.
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